Enquanto americanos têm a pressão de impressionar as namoradas, brasileiros têm que provar a masculinidade em casos esporádicos no Carnaval
Além de chocolates e flores, a venda de outro item cresce às vésperas do Valentine’s Day, o dia dos namorados americano, celebrado nesta segunda-feira: o Viagra. Em 2010, na semana anterior à data, o número de prescrições para a droga de combate à disfunção erétil alcançou a impressionante marca de 199.450 – totalizando 1,34 milhão de pílulas nos Estados Unidos. Isso representa uma alta de 26%, comparando-se o período com a semana de menor consumo do ano, a de 26 de novembro, quando acontece o Thanksgiving (Dia de Ação de Graças). Os dados são da consultoria especializada em mercado farmacêutico Wolters Kluwer Pharma Solution.
Fevereiro também foi mês de festa para o segmento farmacêutico no Brasil, mas por outra razão: o carnaval. Estatísticas divulgadas pela Bayer, fabrincante do Levitra, rival do Viagra, indicam que o consumo do item por aqui é mais alimentado pela farra do que pelo romance. Às vésperas do 12 de junho, dia dos namorados no Brasil, a venda de medicamentos de combate à disfunção erétil permaneceu estável em 2010. Às portas do carnaval, foi registrada evolução de 10%.
Características culturais poderiam explicar as diferenças de comportamento. “Os americanos mantêm uma cultura mais rígida, baseada em regras. É bastante plausível que eles também se sintam mais pressionados por essas regras no que diz respeito à vida sexual, acreditando que dia dos namorados é dia de fazer sexo”, teoriza Maria Cláudia Lordello, psicóloga e sexóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Com os brasileiros, a história é diferente. No país, há mais liberdade e menos regulamentos sexuais”, completa.
A liberalidade típica do carnaval, contudo, não isenta o brasileiro de cobranças, defende a psicóloga. Por aqui, os homens se sentiriam desafiados a desempenhar um bom papel diante das mulheres. “Como o carnaval é visto como uma data de sexualidade mais explícita, existe a obrigação de o rapaz, por exemplo, arrumar uma parceira durante a festa e cumprir sua ‘função de forma adequada'", diz Maria Cláudia. "Os medicamentos de combate à disfunção erétil funcionam como garantia de que ele não vai decepcionar.”
A especialista lembra que medicamentos como Viagra, Levitra e Cialis não são afrodisíacos. Ou seja, não induzem a excitação masculina. Eles apenas aumentam o fluxo de sangue no pênis. O estímulo tradicional continua sendo necessário. “A ideia equivocada de que esses medicamentos são infalíveis pode gerar uma grande frustração no homem. É comprovado cientificamente que, se ele não estiver interessado na relação sexual, nenhum remédio fará milagre”, diz a sexóloga.
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